Mensagem de Natal e Ano Novo, 2023
A LUZ DO NATAL E OS DESAFIOS DO
NOVO ANO
Caríssimos
irmãos do Movimento Sacerdotal Mariano e do Movimento Mariano,
1. Estamos a celebrar mais um Natal, que terminará no dia de Reis ou da Epifania. As luzes, a alegria, as festas, a partilha remetem para um acontecimento que mudou a humanidade e a história: Jesus Cristo nasceu!
Nos nossos tempos, a contemplação do Presépio é um verdadeiro antídoto contra as nossas atitudes, tantas vezes incoerentes. Com efeito, ao “faça-se o que eu quero”, a Virgem Maria diz: “Faça-se segundo a Vossa vontade”. Perante a solução fácil e imediata da separação e do conflito matrimonial, José dá o exemplo: perseverança e confiança. Diante de uma gravidez inesperada, a vida reina no seio de Maria com alegria transbordante, capaz de fazer exultar João Baptista no seio de Isabel. Se o mundo se queixa e constantemente se lastima, Zacarias aponta o caminho: “Bendito seja o Senhor Deus de Israel que visitou o seu povo”. Quando alguns não podem andar dois quilómetros para ir à Missa, os Reis Magos percorrem milhares de quilómetros para adorar o Menino. Quando a virgindade é vista com desprezo e desconfiança, o Senhor Jesus quis nascer de uma Virgem. Ontem como hoje, o poder político queria matar o Messias esperado. Outrora Herodes, hoje tantos outros que vão legalizando o aborto, a eutanásia e outras formas de matar que obscurecem a dignidade da pessoa humana e o verdadeiro sentido da vida. Nós, cristãos, não podemos pactuar com um Natal semipagão. Temos de ser como os pastores, correr ao presépio, adorar Jesus, o Único Salvador do mundo e anunciá-l’O. Ele é a Luz Verdadeira que quer iluminar o mundo pelo nosso testemunho, a nós que “vimos a Sua glória”. Ele quer nascer em nós, para nos dar a vida que só Ele pode dar. Jesus traz a felicidade verdadeira e tem a chave do Céu que desejamos alcançar. Neste Natal, o Senhor Jesus quer encontrar em cada pessoa um coração novo para nascer, quer encontrar um coração despojado para O acolher. Um coração agradecido, porque o Amor de Deus supera todas as dificuldades. Um coração disponível para responder ao que o Senhor quer. Um coração a transbordar de alegria, porque n’Ele temos tudo o que precisamos e “àqueles que O receberam e acreditaram no Seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,12).
2. No último dia do ano 2022, faleceu o Papa emérito Bento XVI, grande teólogo e Pastor da Santa Igreja Católica, um Papa ao serviço da Verdade revelada por Deus e que, em última instância, é Jesus. Um Papa que defendeu a doutrina cristã de sempre e que, talvez por isso, enfrentou grande oposição dos poderes deste mundo. Que o “Senhor da Vinha” o recompense abundantemente.
3. O Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, no seu mais recente livro: “A tarde cai e o dia já declina”, analisa a profunda crise que vive o Ocidente, crise da fé, crise da Igreja, crise sacerdotal, crise de identidade, crise do sentido do homem e da vida humana, o colapso espiritual e suas consequências. “Sim - diz o Cardeal - hoje, em todos os cantos, a Igreja parece estar em chamas. Parece devastada por um incêndio muito mais destrutivo que o da catedral de Notre-Dame. Qual é esse fogo? É preciso coragem para dizer o seu nome. Este fogo, este incêndio que assola a Igreja, particularmente na Europa, é a confusão intelectual, doutrinal e moral; é a cobardia de proclamar a verdade sobre Deus e sobre o homem, e de defender e transmitir os valores morais e éticos da tradição cristã; é a perda da fé, do espírito da fé, a perda do sentido da objetividade da fé e, portanto, a perda do sentido de Deus. Como S. João Paulo II escreveu na encíclica Evangelium Vitae: “Quando se procuram as raízes mais profundas da luta entre a ‘cultura da vida’ e a ‘cultura da morte’… É necessário chegar ao coração do drama vivido pelo homem contemporâneo: o eclipse do sentido de Deus e do homem, típico de um contexto social e cultural dominado pelo secularismo que, com os seus tentáculos invasivos, não deixa às vezes de pôr à prova as próprias comunidades cristãs (…) produz uma espécie de ofuscamento progressivo da capacidade de enxergar a presença vivificante e salvífica de Deus”. Robert Sarah continua: “Estou convencido de que esta civilização está a viver uma crise mortal. Como na época da queda de Roma (séc. V), as elites de hoje preocupam-se apenas em aumentar o luxo da sua vida quotidiana; e as massas populares estão anestesiadas por um entretenimento cada vez mais vulgar. Como bispo, devo avisar o Ocidente! O fogo da barbárie ameaça-vos! E quem são os bárbaros? Bárbaros são aqueles que odeiam a natureza humana. Os bárbaros são aqueles que desprezam o significado do sagrado. Os bárbaros são aqueles que desprezam e manipulam a vida e querem “aumentar (ou engrandecer) o homem!”
4. Por conseguinte, este Cardeal da nossa Igreja fala da “apostasia”, uma característica funesta do nosso tempo e à qual se refere Nossa Senhora muitas vezes no “Livro Azul”. Devemos ser realistas, o ano que está a começar não será fácil. Os “novos Herodes” deste mundo têm a sua agenda e há muitas nações e fundações poderosas que querem uma “Nova Ordem Mundial”, que consiste em fundar um só governo mundial e uma só religião. Tudo já foi previsto por Deus na Sagrada Escritura. Por sua vez, Nossa Senhora, nas suas mensagens, também nos ajuda a entender melhor o conteúdo da Bíblia acerca destes tempos. Procuremos, por isso, meditar todos os dias nas mensagens de Nossa Senhora, comunicadas ao queridíssimo Pe. Gobbi, que nos estimulam a ir em frente com esperança, como consta nesta mensagem, do primeiro dia do ano de 1992. “Mas tende confiança. Levantai os olhos para Mim, Mãe de Deus e vossa verdadeira Mãe. Hoje, anuncio-vos que a vossa libertação está próxima (cfr. Lc 21,28). “As trevas descerão ainda mais densas também sobre a Igreja e conseguirão envolver todas coisas. Os erros difundir-se-ão ainda mais e muitos se afastarão da verdadeira fé. A apostasia alastrará como uma epidemia e serão feridas por ela os pastores e as ovelhas a eles confiadas. A Igreja, esta minha pobre filha agonizante e crucificada, terá de sofrer muito em toda a parte da terra.”(…) “Será Jesus Cristo, Rei da eterna glória, que reinará sobre todo o mundo renovado, dando assim início aos novos tempos que estão para chegar. Por isso vos repito, no início deste novo ano: tende confiança”. “Vivei cada dia na fé e numa grande esperança. Levantai os olhos para Mim, Mãe de Deus e vossa verdadeira Mãe. Hoje anuncio-vos que a vossa libertação está próxima” (Mensagem nº 465, 1 de Janeiro de 1992).
5. A solução, portanto, para todos os desafios do nosso tempo é uma só: o retorno ao Deus Vivo pela oração, penitência, reparação e procurando viver sempre em união com o Senhor, isto é, na Sua graça, e sob a proteção da Mãe de Deus, bem como dentro do refúgio seguro do Seu Imaculado Coração.
Por fim, a todos vós, estimados membros
do Movimento Sacerdotal Mariano e do Movimento Mariano, desejo um Santo Natal e
um Feliz Ano Novo com as melhores bênçãos do Céu!
No Imaculado Coração de Maria, me
despeço com um grande abraço de estima e amizade,
Nossa
Senhora da Piedade de Urqueira, 1 de Janeiro de 2023.
Pe. João Nuno de Pina Pedro